RESENHA da REDE
por Patricia Lopes
Engraçado hoje eu estava assistindo um vídeo da Zélia Duncan falando sobre o programa Malu Mulher. Uma teledramaturgia da década de oitenta.
Malu, casada há treze anos com Pedro Henrique, com uma filha adolescente, Elisa, descobre a infidelidade do marido e começa a questionar sua vida e sua rotina doméstica. Recém-divorciada, ela passa a enfrentar o mundo à sua volta em busca de suas verdades. E precisa voltar a trabalhar fora e sustentar a casa e a filha, essa era a sinopse.
Kramer vs. Kramer o filme ganhador do oscar na mesma década também aborda o mesmo assunto.
Acredito que foi uma década significativa para o feminismo.
O espetáculo vale night vem com um tema voltado para três mulheres que resolvem se encontrarem em um bar.
Cada uma delas carrega sua história e estarem em um bar para se divertirem resulta em ressentimentos.
Um dos quais mais me chamou atenção foi a auto cobrança por simplesmente estarem vivendo.
A maternidade cobra tanto da mulher, isso percebo também nas minhas amigas. Não é um texto teatral.
É realidade!
As lembranças do passado obviamente fazem parte do espetáculo. Aliás em um desses momentos uma carta é lida em castelhano abrasileirado, muito divertido, lembranças de uma viagem do passado.
Uma frase é dita no espetáculo que ouvi anos atrás de uma grande amiga: “eu queria ser eu”, como se ela precisasse de um reencontro com ela.
Exatamente isso que acontece, o espetáculo fala por tantas mulheres, penso que o elenco não tem idéia disso.
Elisa Pinheiro esta muito bem no papel de mãe super protetora ou paranóica, você pode escolher.
A conheci no espetáculo saia, como mãe também!
Tive a impressão que os figurinos eram tirados dos armários delas.
Luz básica e cenário cru.
Teatro hoje é resistência. E é isso que essas três atrizes estão vivenciando!
O que me chamou a atenção foi que ao conversar com o produtor questionei sobre o público mais próximo desse espetáculo em cartaz no teatro Glaucio Gil em Copacabana e a resposta foi: “Os maridos” para que eles entendessem como elas, as mulheres se sentem…
Sabe, acho que ele tem razão, a interpretação não está longe do real, ao contrário, vi exatamente a vida como ela é…
Se você é mãe, provavelmente foi incluída em pelo menos um grupo de Whatsapp, aquele ambiente virtual que reúne mulheres muito diferentes, mas com algo em comum: seus filhos. E o que acontece quando essas mães, com vidas, histórias e expectativas distintas, se encontram no mundo real? A partir daí, tem início a comédia agridoce Vale Night, que estreia para o público dia 3 de agosto, no Teatro Candido Mendes, em Ipanema. Com texto de Renata Mizrahi e direção de Renata e Priscila Vidca, o espetáculo leva à cena, de maneira leve, a pressão que a mulher sofre ao se tornar mãe e a solidão sentida, mas muitas vezes calada e ofuscada nas redes sociais.
Em cena, estão Aline Carrocino, Diana Herzog e Vilma Melo que dão vida, respectivamente, às personagens Carla, Paula e Virgínia. Carla é mãe de um filho, casada, aparentemente feliz, tenta fazer tudo muito certinho, seguindo à risca todas as “regras”, mas na verdade nunca escolheu estar ali. Paula é mãe solo de um filho, fotógrafa e vive no malabarismo para atender às demandas da carreira de autônoma com às de criar um filho sozinha. Virgínia é mãe de quatro filhos, casada há 15 anos, mulher prática e objetiva, questiona as regras, manuais, a própria relação e não está disposta a receber críticas veladas. As três são conectadas a princípio apenas pelo grupo de mensagens, mas com o decorrer deste encontro elas perceberão que são submetidas às mesmas pressões, cobranças, culpas.
“Queremos provocar a reflexão sobre como estão as mães de bebês hoje. Somos bombardeadas de informações, compartilhadas em grupos de Whatsapp, que age como uma ferramenta de apoio, ameniza a solidão, mas não resolve a opressão social sofrida pela mulher assim que ela se torna mãe”, explica Renata. “Não quero dar respostas, apenas mostrar três mulheres bem diferentes que vão se conectando aos poucos. Nessa noite, elas descobrem como podem se dar as mãos, se acolherem, fazerem rir ou até expor os mais ocultos desejos”, acrescenta a autora.
‘Vale Night’ é um projeto pessoal de Renata Mizrahi, que sentiu vontade de voltar a escrever sobre assuntos que fazem parte da sua rotina e círculos de amizade, como ocorreu nas peças ‘Os sapos’ e ‘Galápagos’. O espetáculo retoma a parceria entre a dramaturga e Priscila Vidca, que codirigiram os premiados espetáculos ‘Silêncio’, sobre as vidas das “polacas”, as jovens judias que se tornaram prostitutas na América, e ‘Os Sapos’, sobre relações abusivas e dependência emocionais. A peça também marca uma nova parceria da autora com a atriz Vilma Melo. Vilma ganhou o Prêmio Shell de Melhor Atriz por ‘Chica da Silva, o Musical’ e foi protagonista do infantil “Marrom – Nem preto, nem branco?”, ambas escritas por Renata.
Hits: 0
Avaliações
Não há avaliações ainda.