UMA RELAÇÃO DELICADA

RESENHA da REDE

por Patrícia Lopes

Relações delicadas
Texto denso, pesado.
Mesmo ouvindo risos abafados confesso que não vi motivos para o tal, diante do fato reconheço que leituras são pessoais, alguns vão achar hilário em conexões passadas reconstruídas naquele momento, lembranças individuais bastante latentes que não nos cabe entender diversas reações, apenas reconhecer que de alguma forma a arte cênica alcançou alguns entre nós.
Atrizes entregues.

Rita Guedes nos surpreende com uma atuação real, não esperava dessa atriz tal encarnação, fiquei surpresa, confesso.

A atriz Letícia Isnard interpreta uma personagem que permeia da infância até a meia idade. Se não me engano a assisti no espetáculo Agosto, como filha da protagonista em dois mil e dezenove no Petra Gold. Uma atriz que aceita desafios e faz das possibilidades acertos. Fato!

Essa viagem entre mãe e filha constrói um diário cênico que nos assalta com lembranças pessoais.
Impossível não ressuscitar as memórias adormecidas.

Charlotte e Jeanne da dramaturga francesa Loleh Bellon é apenas um espelho de mães e filhas que constroem e discontroem situações vivenciadas entre ambas.

Mergulhei no espetáculo, pois me enxerguei.

Mesmo diante dos embates o amor persiste em existir com sutileza.

Incrível como foi abordada a questão da mãe divorciada.

Embora um texto muito denso, pude assistir a vida de  inúmeras mulheres que conheço.
O texto é europeu, adaptado, mesmo assim as atrizes mantiveram o viés recatado e ponderado, bastante explícito esse comportamento contido.

É necessário atenção para compreensão dos atos, em todo momento há alternância de papéis. As grandes atrizes Irene Ravache e Regina Braga já vivenciaram Uma relação tão delicada em oitenta e nove.
O espetáculo conta com um cenário que não chama muito a nossa atenção.
A iluminação é presente.

O figurino também acompanha o texto e as pequenas transformações das atrizes em palco.

Achei tudo de acordo com a leitura, um mergulho nas páginas da Loleh, que recebeu o Grand Prix du éâtre, o maior honraria da academia francesa.

Indico para os amantes de dramas rebuscados.