RESENHA da REDE
por Patricia Lopes
Os autos são curtos e de linguagem simples. Seus personagens simbolizam as virtudes, os pecados, ou representam anjos, demônios e santos.
Agora que sabemos o que é um auto vamos falar do espetáculo Auto de João da Cruz em cartaz no Sesi.
Falar bem do texto é redundância, afinal Suassuna e boa qualidade resulta no mesmo.
Sempre com pitadas de humor incrivelmente satisfatórias.
A direção de Inez Viana foi de uma precisão incrível.
O cenário era seco, tão quanto o agreste que Ariano sempre nos trás.
A iluminação me leva a considerações, tudo muito bem iluminado. O encontro da luz com o pó que o cego sopra causa um efeito lindo para nós da platéia.
A sonosplatia é feita em palco pelos próprios atores.
A criatividade da Cia Omondé é inteligente, chama atenção.
O figurino passou desapercebido.
Nada me roubou a atenção da potência
cênica dos oitos atores em palco.
Chegamos no teatro e somos recepcionados por eles.
Um momento bilateralmente agradável.
Vamos começar com Andre Senna, o antagonista. Que trabalho esplendoroso, mesmo carregando ganância, mentira e vaidade, se faz simpático. Acreditem!
Junior Dantas, o anjo da guarda, é perfeito!
Se saimos deste espetáculo plenos, com a certeza de ter valido a pena estar ali, este ator é um dos responsáveis.
Sabe quando não se tem palavras para imensurável?
É exatamente isso Junior Dantas!
Segue recado, onde você estiver, fato, lá estarei!
Ze Wendell até ontem estava interpretando O hétero.
E pronto, virou João.
E como o nordestino que é, encheu o palco de luz. Irradiou competência.
Fiquei com receio de um Matheus Nachtergaele entrar, mas não aconteceu.
Esse João é mais contemporâneo e tira até self no imaginário.
João e Wendell, nordestinos, esse vínculo da a Zé a força que merece o seu personagem.
O elenco é muito profissional, perfeito equilíbrio.
Questionei sobre o sotaque dos demais artistas, pois não percebi. A resposta era que a diretora preferiu não cobrar. Esperava algo assim, afinal é de Suassuna que estamos falando!
A crítica a atual política é implicita, mesmo assim arranca gargalhafas e aplausos de todos.
Adorei o desfecho do drama aliado a platéia.
Que venham os prêmios!
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